sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

16 DIAS DE ATIVISMO

Os movimentos feminista e de mulheres promovem através da AGENDE a Campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. Este ano a Campanha tem como slogan “Uma vida sem violência é um direito das mulheres. Comprometa-se. Tome uma atitude. Exija seus direitos”, e está focada nas chamadas violências “sutis”, ou seja, atos de violência moral, psicológica e de controle econômico e de sociabilidade, entre outros, considerados “normais” ou “naturais” por estarem arraigados na cultura e porque, muitas vezes, não são direta ou claramente percebidos como violência pela sociedade e pelas próprias mulheres vitimadas.

Por todo o país, organizações da sociedade civil e representantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário promovem ações de conscientização e disseminação de informações voltadas à busca de soluções para a situação de violência a que estão submetidas as mulheres no Brasil e no mundo.

Aqui em Cruz das Almas a Campanha já teve, em anos anteriores, destaque nas ações de grupos feministas e mesmo do poder público. No entanto, em 2009 estas entidades não prepararam nenhuma pauta ou atividade que pudesse trazer para a população um debate tão significativo.

Confesso aqui e agora minha co-responsabilidade nesse quesito, pois as atribuições profissionais vem, atualmente, desviando minha atenção, e meu tempo, das açoes mais especificas do movimento.

Em momentos anteriores me dediquei de forma muito especial à defesa dos direitos das mulheres, seja enquanto membro-fundadora do Coletivo de Mulheres em Luta Jacinta Passos, no Setorial de Mulheres do PT ou na condição de gestora do então Departamento de Politicas para as Mulheres da Prefeitura Municipal de Cruz das Almas, função que ocupei entre 2006 e 2008.

Foi um período muita aprendizagem, que serviu para reforçar e amadurecer minhas convicções politicas e ideológicas. Convivi com pessoas (mulheres) de diversas partes do país, nos diversos segmentos sociais e pode constatar que a opressão de genero afeta a todas, independente de classe social, idade ou local de moradia. É claro que em alguns ambientes ela é atenuada -ou disfarçada -, mas está lá, presente, latente ou não, pronta para ser enfrentada, desmascarada.

E essa opressão de manifesta de forma mais perversa nas práticas de violencia moral e psicológica , que perpassam subrepiticiamente as relações entre homens e mulheres e às quais nos acostumamos a ver/sentir sem reclamar ou nos chocar. Porque, se a violencia fisica já não encontra mais o amparo que antes a sociedade lhe dava ('lavar a honra com sangue', por exemplo, era uma máxima defendida pela legislação brasileira até poucos anos), a chamada violencia sutil, para a qual a Campanha dos 16 dias chama a nossa atenção, é simbólica, fere-nos de forma silenciosa, transformando em frangalhos a autoestima de milhares de mulheres.

Leia abaixo texto retirado do site da campanha. Lá podem ser encontrados outros textos, links para sites de organizações feministas do mundo inteiro e os materiais de divulgação da Campanha nos ultimos anos. Vale à pena uma visita e mais ainda adicionar aos seus 'favoritos': http://www.campanha16dias.org.br

A violência contra as mulheres de forma mais ampla: uma questão de cultura

Embora a discussão, os estudos e a legislação sobre violência contra as mulheres atualmente englobem as várias formas de manifestação (violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral), o grande foco encontra-se nos atos violentos visíveis, que deixam marcas físicas nas vítimas e praticamente não consideram a violência simbólica como prejuízo real às mulheres em situação de violência.

Faz-se necessário, portanto, que o enfrentamento à violência contra as mulheres seja conjugado a uma discussão ampla, capaz de desvendar e desconstruir as amarras da cultura milenar que estruturou e consolidou as desigualdades de gênero. Cultura aqui compreendida como um sistema simbólico formado por linguagem, arte, moral, direito, costumes, crenças religiosas, etc, que garante ou reproduz a integração social. São esses sistemas simbólicos que conferem sentido ao social e possibilitam consensos sobre a ordem estabelecida.

Vários elementos simbólicos funcionam como mecanismos eficientes de reprodução do patriarcado, tanto na esfera pública quanto na privada. A noção de “violência simbólica” busca traduzir a infinidade de discursos sobre o feminino (mulher), e suas relações com o masculino (homem).

Esses enunciados, de forma rotineira e quase imperceptível, orientam ações, difundem modelos referenciais, valores e julgamentos que, vinculados à prática social, dão sentido às construções dos sujeitos e reelaboram e reafirmam identidades.

A isso, Segato (2003) define como “violência moral”: “Todo aquello que envuelve agresión emocional, aunque no sea ni consciente ni deliberada. Entran aquí la ridicularización, la coacción moral, la sospecha, la intimidación, la condenación de la sexualidad, la desvalorización cotidiana de la mujer como persona, de su personalidad y sus trazos psicológicos, de su cuerpo, de sus capacidades intelectuales, de su trabajo, de su valor moral” (Rita Laura Segato, Las estructuras elementares de la violencia, Buenos Aires, Universidad de Quilmes, 2003, p.115).

Tal como observa a autora, esse tipo de violência pode ocorrer sem nenhuma agressão verbal, manifestando-se com gestos, atitudes, olhares. É uma violência naturalizada, porque está presente nos mesmos processos de socialização que ensinam aos sujeitos como se comportarem em sociedade.

Dizer que pode ocorrer sem nenhuma agressão (verbal ou física) não tira o prejuízo que causa a toda sociedade que, se estruturada num sistema de status que inferioriza um dos sexos, acaba por legitimar outros tipos de violência, como a sexual. Pois o corpo da mulher, por muito tempo visto como domínio do homem, gerou uma cultura em que o uso e abuso desse corpo, quando realizado pelo “dono” (pai, marido, parente), é considerado legítimo, mesmo que tal situação não esteja mais prevista na legislação vigente.

terça-feira, 28 de julho de 2009

23 anos de FUNGA

A Fundação Cultural Galeno d'Avelírio‏ - FUNGA, entidade que abriga a Casa da Cultura Galeno d'Avelírio‏ comemora seu 23º aniversário nesse fim de semana com programação prá lá de porreta!

Também pudera, são 23 anos dedicados à difusão da produção cultural de Cruz das Almas e do Recôncavo, valorizando a prata da casa mas também promovendo um importante intercambio com artistas de todo o Estado nas mais diversas áreas - cinema, literatura, poesia, música, dança, artes visuais, teatro...


Veja (aqui no blog e lá, pessoalmente) a programação:

31 de julho (sexta-feira) a partir das 20h30

Tocata com a Sociedade Filarmônica Euterpe Cruzalmense

Mostra de pôsteres Reflexos de Universos: Arte e Poesia

Abertura da mostra Instalações, com os artistas Daniel Almeida, Ieda oliveira, Nelson Magalhães Filho e Zé de Rocha; Apresentação dos alunos da oficina de música do Projeto Solidário.

1º de Agosto (Sábado) às 20h

Show com Liobório e banda Combustão Espontânea

Lançamento do CD " Sozinho, arrudiado de gente" - com participação do Grupo Corte

Para mais informações é só seguir o link:http://cruzdasalmas.com.br/casadacultura e o blog: http://galenodavelirio.blogspot.com/

A borboleta é um primeiro travesti da natureza, como a literatura o é da linguagem*

Foto: Wesley (http://br.olhares.com/lagarta_do__milho_foto2143341.htm)

Ser mulher moderna é uma labuta só!
Explico-me: depois de uma segunda-feira interinha de trabalho chego em casa às 11 da noite e lá vem minha filha a me lembrar 'mãe, vamos ver como está minha lagarta?'.

Era o trabalho de Ciências, tarefa da professora Rosilda, do 7º ano do Colégio Montessori. Lá fomos nós, de lupa em punho procurar patas e dentes na lagartinha que tia Cleia encontrou numa espiga de milho - me sendo de grande ajuda pois já andava desesperada - 'onde, por deus, haveria eu de encontrar uma lagarta para Alice?'.

A observação, longe de nos apontar respostas só aumentou nossas dúvidas. Fora dificil até saber de que lado ficava-lhe a boca, tanto mais quantos dentes teria aquela coisa verde como palha nova de milho abrigada no pote de vidro que originalmente guardava palmito. A solução foi recorrer ao anjo da guarda da mãe atarefada que acompanha com disposição a filha nas tarafas escolares: a internet!

E foi entre fotos e vídeos de ovos, lagartas, pupas e crisálidas que encontrei a frase da minha noite - 'a borboleta inventa ela mesma!'. De ovo a lagarta, de lagarta a pupa e a crisálida, dai a borboleta e de novo ovo e depois tudo e tudo e tudo a se reinventar...

E não é que posso eu, de verdade, tornar a me reiventar também?

A propósito, a frase acima, assim como a que entitula o post é de autoria de Renata Pimentel, e está publicada na Revista Paradoxo. É só seguir o link abaixo.Lá ela ensina, entre outras coisas, que borboletas são ro-pa-ló-ce-ros... (e eu também...

http://www.revistaparadoxo.com/materia.php?ido=2335

segunda-feira, 27 de julho de 2009

VOLTEI!

Genteeeemm!!

Quanto tempo sem passar por aqui!!

Tava morrendo de saudades, mas sem tempo prá dedicar ao blog, aos amigos e às amigas que o acompanham - voces não desistitam não, né? Bom, tô de volta...

Hoje tive um começo de noite espetacular, ao som da Orquestra de Frevos e Dobrados do Maestro Fred Dantas, em plena Cruz das almas - dá prá acreditar? No mesmo local onde, na noite de sábado, o pagode fez algumas vítimas nas várias brigas e confusões, o público presente na chamada praça Multiuso pode aproveitar a boa musica da orquestra em clima de paz e alegria. Houve que dancasse (eu tb!), mas a moiria só assistiu o festival de clássicos nacionais e internacionais. Mas a grande atração da noite (além do próprio Fred Dantas, claro) foi a cantora baiana Claudete Macedo. Breve dedico um post inteirinho a ela...

terça-feira, 5 de maio de 2009

FUNDAÇÃO CULTURAL GALENO D'AVELÍRIO - Patrimônio Cultural de Cruz das Almas


Em 1987 a cadeia municipal de Cruz das Almas mudava da rua XV de Novembro para um prédio novo. Nesse mesmo ano, um grupo de escritores e artistas da cidade, formado por Gláucia Guerra de Oliveira, Nelson Magalhães Filho, Hermes Peixoto, Luciano Passos, Graça Sena, Lita Passos e Luis Carlos Mendes, tecia um projeto que depois viria se mostrar decisivo para o desenvolvimento cultural e artístico do lugar: a criação da Casa da Cultura Galeno D'Avelírio, um espaço que lhes permitisse expandir os horizontes da arte cruzalmense, até então restrita às publicações de textos no Jornal Literário Reflexos de Universos, fundado em 1976.

Procuraram o então prefeito Sr. Carmelito Barbosa Alves reivindicando o espaço da antiga cadeia e o que era palco da privação iria se transformar em cenário de liberdade artística.
No dia 27 de Julho de 1987, abriam-se as portas da Casa da Cultura Galeno d'Avelírio com uma bonita programação cultural de inauguração.

No início de suas atividades, em 1987, a Fundação priorizou a realização de oficinas visando à formação/aprimoramento de talentos. Numa parceria com a Fundação Cultural do Estado da Bahia, promoveu oficinas de teatro, literatura, música e coral, teatro e dança, tendo como instrutores renomados profissionais da área.

Outras ações em parceria com a Fundação Cultural do Estado da Bahia tiveram como objetivo a formação continuada dos professores do ensino fundamental das redes pública e privada, mediante a realização de oficinas de música, teatro e literatura, visando à adoção dessas linguagens como instrumental didático-pedagógico.

Nos quase 23 anos de existencia, a Casa da Cultura foram realizadas 159 exposições (pintura, escultura, fotografias), 18 espetáculos de dança, 98 peças teatrais, 165 recitativos, 16 performances, e 146 shows musicais.

Foram lançados 25 livros, editados 78 números da revista literária Reflexos de Universos, e diversos eventos não incluídos nestas categorias como: Mostras de Penteados, Mostras de Arte em Porcelana Fria, Feira Mix Bazar Cultural, Loja de Artesanatos, Oficina de Penteados, Semanas da Consciência Negra, Semanas da Cultura Negra, Cursos para Modelos, Oficinas de Teatro, Oficinas de bateria, percussão e violão e Oficina de Dança.

Sediou reuniões do Grupo Ecológico Copioba, do Grupo Cruz das Almas Cidadã, do Coletivo de Mulheres em Luta Jacinta passos, do Grupo de Ajuda a Diabéticos, da APLB-Sindicato, entre outros, além das tardes de musica ao vivo no Bar D’elírio.
Todas essas atividades estão documentadas em acervo de cartazes, convites, fotografias, vídeos e obras doadas pelos expositores e escritores e podem ser consultadas pela população, caracterizando-se como importante aquivo da memória da produção cultural da cidade.

Atualmente a Casa de Cultura Galeno D’Avelírio, em Cruz das Almas, oferece Oficinas de Bateria, Percussão e Dança, entre outras atividades. Os cursos possuem duração de seis meses e são direcionados aos estudantes matriculados na rede pública de ensino.As aulas de percussão e bateria são ministradas na segunda e quarta-feira pelos facilitadores Alan Cerqueira, Paizinho e Ian Ferreira. Para efetivar a matrícula nas oficinas, o estudante precisa ter o comprovante de matricula, foto 3×4 e carteira de identidade. As inscrições estão abertas de segunda a sexta feira, das 14 às 18 h. Acesse: http://galenodavelirio.blogspot.com

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Blog TOPA NA DIREC 32


Visite nosso Blog e fique sabendo das novas ações do Programa TOPA na Direc 32:

http://topadirec32.blogspot.com

Além dele, veja noticias do Programa em todo o Estado acessando:

programatopabahia.blogspot.com e boa viagem!!!

Tem TOPA na DIREC 32!!!

Em dezembro de 2008 assumi a tarefa de Supervisora do Programa Todos pela Alfabetização - TOPA, na Direc 32 - uma das tarefas mais prazerosas de toda a minha vida profissional.

Para topar esse desafio dexei minha sala de aula e segui para a Direc, a convite de minha companheira de longas jornadas, professora Carlinda Barros de Lacerda, diretora da Direc 32. Foi um sufoco!


Peguei, como se diz, 'o bonde andando', pois o Programa já estava em andamento, tendo encerrado sua primeira etapa e já preparando a 2ª - era a fase do cadastramento de turmas, alfabetizandos/as e alfabetizadores/as e coordenadores/as, contato com as entidades parceiras e a difícil tarefa de continuar o trabalho de Márcia Vinhas (foto), supervisora que deixava a Direc 32 para cumprir outras tarefas.


Contei nesta fase, com o apoio inestimável de Ginna Karla (foto abaixo), Celi, Franci e Rodrigo, colaboradores do Programa, que me ensinaram a tarefa que até hoje aprendo...

Minha primeira atividade 'oficial' como Supervisora foi acompanhar o grupo de representantes das entidades dos movimentos sociais até Salvador, para a Escuta Aberta às Entidades, no inicio de dezembro, onde conheci figuras incriveis, parceiros e parceiras que acreditam no Progtama e nele estão depositando suas energias, sonhos e expectativas de construir uma Bahia livre do fantasma (tão real) do analfabetismo.

No Topa desenvolvemos uma ação educativa das mais significativas - dar acesso à educação formal a milhares de pessoas que durante anos passaram ao largo dos bancos escolares - e por consequencia da cidadania plena - e hoje, aos 40, 50, 60, 70 anos de idade têm a oportunidade de aprender coisas que para nós, letrados/as, são [quase]corriqueiras: escrever o próprio nome num documento como RG ou título de eleitor, compreender uma notícia de jornal ou revista, ler um gibi, uma receita médica, uma carta de amor, um poema. Ir ao banco com segurança e sacar sua aposentadoria sem o medo de errar no uso do terminal eletrônico com todos os seus números e letras. Ter autonomia para ir e vir sem medo de pegar o ônibus errado... Tantos desafios, muita esperança!


Convido voce a partilhar comigo as emoções de viver este Programa, que só é possivel porque a Bahia hoje tem um Governo comprometido com a construção de uma educação para todos e todas. 'Tope' você também!!

terça-feira, 17 de março de 2009

Cordel prá acabar com a hipocrisia

A EXCOMUNHÃO DA VÍTIMA

Miguezim de Princesa


I
Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.

II
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.

III
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.

IV
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.

V
O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.

VI
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.

VII
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.

VIII
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.

IX
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.

X
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Boas Novas


Direitos da mulher pode virar disciplina do ensino médio


A Câmara aprovou, no último dia 10 de março, a inclusão de disciplina sobre os direitos da mulher no currículo do ensino médio em escolas públicas e particulares. Entre outras coisas, os alunos dos últimos três anos da educação básica vão ter aulas que visem a “conscientização sobre os direitos da mulher, abordando os aspectos históricos, sociológicos, econômicos, culturais e políticos que envolvem a luta da mulher pela conquista da igualdade de direitos”.

A matéria, objeto do Projeto de Lei 235/07, da deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), foi analisada e aprovada na terça em caráter conclusivo pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). O relator da matéria na comissão, Flávio Dino (PCdoB-MA), disse que “a educação representa caminho central para o pleno respeito aos direitos humanos”. Para ele, o projeto é “importante passo para a redução de desigualdades e injustiças cometidas em razão de preconceito de gênero.”

O projeto original previa que a nova disciplina seria obrigatória, mas a Comissão de Educação e Cultura aprovou apenas a inclusão do conteúdo como disciplina optativa. (Agência Câmara)

sábado, 31 de janeiro de 2009

Palmas para Pirro, porra!

Resmungava eu de mim para mim na madrugada - "vitória de Pirro, foi isso sacanas, uma vitória de pirro e nada mais. Ou pensam vocês que a conta não vem??". Daí para acordar, curiosa, e buscar na 'historicidade das coisas' quem foi Pirro de fato deu-se só um pulo. Ei-lo:

Pirro (318 a.C.-272 a.C.), rei de Épiro, antiga região da Grécia (atual Albânia) à beira do mar Jônio, tornou-se famoso por ter sido um dos principais opositores aos romanos.
Bisneto do grande guerreiro grego Aquiles e primo materno de Alexandre Magno, rei macedônio, teve sua vida marcada não só por grandes feitos militares, mas também por dificuldades e atribulações diversas, inclusive quando de sua morte: segundo conta a lenda, em 272 a.C. ele decidiu intervir numa disputa cívica em Argos, e para isso entrou com o seu exército na cidade, às escondidas, mas acabou envolvido em confusa batalha travada nas ruas estreitas da localidade. Durante a luta, uma velha que observava tudo do alto de um telhado, atirou uma telha em Pirro, que caiu atordoado, disso se aproveitando um soldado inimigo para matá-lo.
Outra versão, porém, diz que ele foi envenenado por um servo. Já a história registra a vitória do rei que, indo ao campo de batalha para vislumbrar o cenário da derrota do inimigo, lá encontrou seu exército também tão destroçado, que lamentou amargamente o resultado do confronto. Daí o termo.
A trajetória militar do rei de Épiro em sua obstinada intenção de construir um império na Itália deixou como herança a expressão vitória de Pirro, usada para simbolizar tudo aquilo que se consegue a um custo bem mais alto que as vantagens obtidas. http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br)
Pense: será que é preciso vencer, vencer e vencer sempre? Será que a perspectiva da vitória é a única que podemos viabilizar? Será que é humano vencer?
Há mais de dois mil anos e um bom tempo depois (lembram-se do faroeste?), a vitória era quase sempre sinônimo de sobrevivência concreta. Matar ou morrer. Com o homem do século XX parece que isto não aconteceu porque ele foi civilizado e distanciou-se pouco a pouco da barbárie de seus ancestrais... Será mesmo?
A noção de um processo civilizatório ou mesmo o referencial de ser civilizado como um bom caminho social, foi um produto da modernidade. Antes, ninguém se preocupava com isto, ou seja, pouco importava ser civilizado para um imperador romano ou um servo medieval. Eles até comiam com as mãos sem constrangimento, por exemplo.
O ser civilizado representou para o individuo moderno, entre outras coisas, se diferenciar das atrocidades cometidas pela humanidade no passado, com as quais o 'perfil' moderno não queria se assemelhar. E foi assim que passamos pelo século XX.
De fato, a civilização ocidental embarcou no século XXI sem comer com as mãos há algum tempo. Mas, por uma operação tão sofisticada quanto separar minuciosa e socialmente os espinhos de um peixe com um talher, esta sociedade aprimorou os detalhes da barbárie, de tal forma que eles passassem indeléveis pelo cotidiano.
A perspectiva de vencer sempre diante, ora de uma competição, ora de uma negociação, ora de uma simples e caseira relação interpessoal, foi parte deste mecanismo sofisticado da barbárie politicamente correta que passou olimpicamente por todo o século XX. Era preciso vencer na guerra, vencer na empresa, vencer na política, ...
Acontece que vencer, vencer e vencer é tão bárbaro quanto matar, matar e matar, porque ambos partem do mesmo princípio: o princípio da exclusão. Quando eu mato, excluo o problema, o conflito ou o desafio. Elimino, enfim, o que me incomoda. Quando venço, faço o mesmo. A diferença é que com o primeiro sou penalizada socialmente e com o segundo sou calorosamente aplaudida pela platéia...

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Só pra deixar claro que voltei a postar por aqui, deixo mais um escrito, este agora da minha poeta preferida.



Tenho arrumado livros.
Tiro de uma prateleira sem ordem e coloco em outra
com ordem. Ficam espaços vazios.
Hora em hora.
Não tenho te dito nada.
Ligo para os outros.
O que poderia dizer é perigoso: certeza (asim como
eu disse: daqui dez anos estarei de volta) de que nos
reencontramos, cedo ou tarde.
Mas não sei mais quando

Cedo ou tarde reencontro - o ponto
de partida


Ana Cristina Cesar, Inéditos e Dispersos

Barak Obama. Considerações sobre os meus, os seus, os nossos...

Confesso que Barak Obama tem me surpreendido.
Na verdade, desde o início da corrida pela vaga na chapa Democrata às eleições do ano passado nos EUA, com Obama e Hillary Clinton disputando 'cabeça a cabeça' fiquei a pensar no quanto seriam emblematicas as duas candidaturas e em qual o seria mais - a do primeiro negro ou a primeira mulher.
Como acredito que não basta ser mulher, dei prá torcer por Obama - mas me mantendo com um pé atras - afinal o que é bom para os EUA, definitivamente, não é bom para o Brasil...
Eleito o cara, as comemorações pipocam em todos os cantos, como se a festa fosse na casa de cada um, da rica Europa à África avó do novo número um do planeta.
Mas eu não me deixava , como não me deixo ainda - esquecer que ele é um deles, não um de nós - ou alguém tem a ilusão de que se assim não fosse ele teria conseguido??
Só que, mesmo sendo um deles - ainda assim, Obama teve a coragem de manter-se fiel a quem o apoiou na campanha e ajudou a elegê-lo: as minorias politicas - gays e lésbicas, negros e negras, pobres, moradores de rua, mulheres... Tão diferente dos nossos, não é mesmo?
Emocionada, li a primeira notícia do governo Obama sobre as mulheres, no dia 22 de janeiro, poucos dias depois da posse, data em que a decisão da Suprema Corte que garante o direito ao aborto nos Estados Unidos fazia 36 anos: "o aborto deve ser permitido à mulher, por qualquer razão, até o momento em que o feto se transforme em 'viável', ou seja, quando seja potencialmente capaz de viver fora do útero da mãe sem ajuda artificial". Na nota o presidente Obama disse continuar “determinado a proteger a liberdade das mulheres de escolher entre ter um filho, ou não" e que "a data nos lembra que essa decisão não apenas protegeu a saúde das mulheres e a liberdade reprodutiva, mas simboliza um princípio maior: que o governo não tem de se intrometer nos assuntos familiares mais íntimos".
E minha surpresa não parou aí. A primeira lei sancionada por ele diz respeito, também, aos direitos das mulheres, instituindo a igualdade salarial entre homens e mulheres, um passo importante no combate à discriminação de gênero. Nas palavras do próprio - "ao sancionar esta lei hoje, eu pretendo dar uma mensagem clara, que não existem cidadãos de segunda categoria no trabalho" ** .
Aí vou, volto e chego à idéia manifesta acima - de deles e nossos, eles e nós, como se o fato de sermos de uma mesma categoria, partido politico ou posição ideológica pública nos tornasse a todos iguais ou diferentes, e a uns ‘melhores’ que os outros. Digo isso com a experiencia de quem tem vivido e lutado entre ditos iguais nas idéias, mas que na prática - quanta diferença... Os nossos, nos quais eu sempre acreditei, defendi e com quem lutei lado a lado, mostram-se hoje tão inversos e distantes que me fazem quase duvidar das minhas idéias de solidariedade, lealdade e justiça.
Por isso Barak Obama hoje se me torna um ícone - de lealdade, de coerência entre discurso e prática, texto e ação. Pode ser que logo ele volte a ser pra mim o outro, o do lado de lá, afinal são tantas as questões pendentes entre os súditos do mundo inteiro e o império americano, que não será dificil nos estranharmos já, já. Mas jamais vou esquecer este momento.

** Se existem em outro lugar ou posição é o que veremos nos próximos quatro anos.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

NOTURNO

Chove. Lá fora os lampiões escuros
Semelham monjas a morrer... Os ventos,
Desencadeados, vão bater, violentos,
De encontro às torres e de encontro aos muros.

Saio de casa. Os passos mal seguros
Trêmulo movo, mas meus movimentos
Susto, diante do vulto dos conventos,
Negro, ameaçando os séculos futuros!

De São Francisco no plangente bronze
Em badaladas compassadas onze
Horas soaram... Surge agora a Lua.

E eu sonho erguer-me aos páramos etéreos
Enquanto a chuva cai nos cemitérios
E o vento apaga os lampiões da rua!

Augusto dos Anjos
Não posto faz tempo. Não que andasse sem tempo para escrever, pra isso sempre me sobra algum - mas sem disposição para sentar ao teclado e dizer nele tantas coisas que passam por mim. Os ultimos tempos tem sido de muita turbulencia e mudança e as mais significativas acabaram me conduzindo a uma pessoa que não gosto de ser nem de partilhar com ninguem. Assim, peço desculpas aos leitores deste blog para mais uma vez reservar o teclado apenas à paciencia spider