sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Igualdade de gênero: Das palavras aos fatos

Em artigo publicado na revista eletrônica Envolverde, Inês Alberdi, diretora-executiva do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), analisa o atual modelo de desenvolvimento econômico, à luz das desigualdades de gênero.

Alberdi afirma que as atuais crises globais – de alimentos, combustíveis e financeiras – deixaram claro que o modelo do desenvolvimento convencional já não é mais viável. A promoção da liberalização do mercado e da austeridade fiscal como instrumentos para estimular o crescimento econômico deve ser revista. Os acordos internacionais, começando pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, apóiam políticas que vão além do mero crescimento econômico, pois têm como meta um desenvolvimento justo e sustentável. O Consenso de Monterrey, por exemplo, diz que o financiamento de um desenvolvimento simples e centrado nas pessoas é essencial para responder aos desafios da globalização. Nesse contexto, destaca-se que o investimento na igualdade entre os gêneros tem um efeito multiplicador na produtividade e que o aumento das opções econômicas das mulheres é fundamental para alcançar os ODM.

Entre 29 de novembro e 2 de setembro acontecerá em Doha (Qatar) uma conferência que aprovará o documento final sobre o financiamento do desenvolvimento. O rascunho desse documento reconhece estes vínculos e identifica a igualdade de gênero como um desafio-chave para o desenvolvimento, junto com os da mudança climática e as crises de alimentos e energia.

No artigo a autora destaca ser "de vital importância que o documento final de Doha contenha referências aos vínculos estruturais entre as políticas macroeconômicas e a igualdade de gênero. Os laços entre a igualdade de gênero e o desenvolvimento deveriam também ser apontados dentro das sessões específicas da agenda do financiamento para o desenvolvimento." Tudo isto para ampliar as oportunidades para as mulheres e para reduzir os riscos aos quais elas estão frequentemente expostas, incluindo a perda do trabalho e de renda e o acesso limitado aos bens e serviços públicos. Entre as conseqüências negativas das políticas de ajuste fiscal tem particular destaque a paralisação das oportunidades de emprego e a redução de gastos em serviços públicos e em proteção social. Essas medidas obrigam as mulheres a assumirem responsabilidades adicionais quanto à assistência de suas famílias, o que limita suas opções na obtenção de empregos e em atividades empresariais.

Outros destaques são dados à ampliação das opções das mulheres no mercado de trabalho e melhora do seu acesso aos bens financeiros e produtivos; dos esforços para sustentar o grande número de mulheres que desempenham trabalhos informais e melhora das opções para os pequenos agricultores, cuja maioria deles em muitos países é de mulheres.

Por fim, destaque para a fala do secretário-geral da ONU, para quem “existe uma ampla opinião sobre a necessidade de melhor compreensão do papel da mulher no desenvolvimento, indo mais além de suas funções como cuidadora de crianças, deficientes ou doentes e como trabalhadora. As políticas macroeconômicas deveriam ser mais coerentes com outras políticas para conseguir a igualdade de gênero”.

Artigo completo: http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=54190&edt=1

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